“Há quem não reverencie as cores, as flores, estampas, misturas, audácias. O nude é elegante na moda, mas a vida nua e crua precisa de uns respingos de laranja, vermelho e verde para provocar estímulo, senão caímos em sono profundo, e sono profundo é a morte. Estou falando do tom com que colorimos a nossa história. Lamento por quem vive em sépia, deixando-se desbotar.
Beleza, aromas, sensações, arte. Quem faz dieta de teatro, música, cinema, literatura, dança e artes plásticas morre magro, definha. (…) Qual sentido da vida? Que graça tem armazenar um milhão de ”amigos” numa rede virtual, se envaidecer da própria conta bancária, buscar beleza em centros cirúrgicos, investir apenas no que é útil e rentável- ou então no supérfluo que dá status? Qual o sentido de acordar de manhã sem paz de espírito, caminhar por uma casa que não sorri de volta, passar o dia no computador sem olhar uma única vez pro céu? Qual o sentido de correr tantos riscos (violência, desamor, frustração, doenças) se não tem uma vida interior protegida da miséria existencial? O sentido está nos sentidos. Nada mais óbvio, nem mais bonito.”
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